sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Para o que serve o jornalismo?

Olá povo! Nem vou comentar ou justificar muito o "faz tempo que eu não escrevo" porque tá virando hábito por aqui (infelizmente), mas vamos que vamos.. O blog não morreu e para começar 2010 bem vou citar aqui o texto de um professor que tive semestre passado, foram as melhores aulas do curso até agora. Ele é o jornalista Fernando Evangelista e esse texto foi um discurso proferido por ele na formatura de uma turma de jornalismo na semana passada. Tá grande mas vale muito a pena. Sem mais delongas segue o texto com grifos meus...

Queridos alunos,

Conheço cada um de vocês e sei quanto empenho intelectual, físico e financeiro foi necessário para estarem participando desta cerimônia. É o coroamento de uma etapa, superada com dedicação, criatividade e talento. Vocês conseguiram. Parabéns. Hoje, porém, gostaria de falar de outra etapa, daquela que começará a partir desta formatura. Qual o significado de ser jornalista nos dias atuais? Para que serve o jornalismo no país em que vivemos? Qual é, afinal de contas, a missão que temos como jornalistas?
Que me desculpem os profissionais das outras áreas, mas o escritor Gabriel Garcia Marques tem razão: “o jornalismo é a melhor profissão do mundo”. Para quem é curioso, inquieto, para quem gosta de ouvir e contar boas histórias, para quem se interessa pelas coisas da vida, não existe profissão mais fascinante.
Mais do que um diploma, hoje vocês recebem um passaporte para o mundo.

O passaporte para revelar histórias não contadas, para contar histórias esquecidas, para investigar, para descobrir aquilo que à primeira vista ou à vista da maioria parece banal, mas que pode ser algo extraordinário. O jornalismo, não se esqueçam disto, nos dá a possibilidade de denunciar o que está errado e de anunciar o que pode ser.
E não é possível fazer isso sem ética – palavra tantas vezes usada sem distinção e sem critério, tão citada em discursos e tão esquecida na prática do cotidiano.
Lembrem-se: a ética não é apenas um conceito filosófico, mas uma postura de vida. Ela exige que, desde já, vocês estejam dispostos a não abrir mão, em hipótese nenhuma, daquilo que Carl Bernstein, um dos repórteres do Caso Watergate, chamou de “a melhor versão possível da verdade”.

Como vocês sabem, esta busca pela melhor versão possível da verdade pressupõe persistência e coragem.
É, obviamente, um percurso complicado, com obstáculos dos mais diversos, mas também muito gratificante. Se me permitem algumas dicas: Não sigam pelo caminho mais fácil ou mais cômodo. Sigam o caminho que considerarem ser o mais justo, sempre. Não se deixem seduzir pelo poder, não se deixem contaminar pela arrogância. Não confundam equilíbrio com indiferença, nem ceticismo com cinismo. Ser ético é tomar posição.
Tomar posição não significa ver o mundo entre bons e maus, de forma maniqueísta. Pelo contrário, significa ir à raiz, saber contextualizar cada história e explicá-la de forma coerente e clara. Tomar posição é conhecer bem o chão que estamos pisando... (continue lendo clicando no link "mais informações")